(Na verdade, este texto não tem um título escolhido. Foi um texto encomendado por algumas professoras que cursavam - se é que se pode afirmar isso - uma dessas pós-graduações a distância pouco relevantes ao meu entender. Por isso, ele se apresenta pouco fundamentado e, de certa forma, descompromissado. Contudo, expressa mais ou menos como eu encaro a educação. Um dia escrevo algo melhor formulado. O texto, se não me engano, também é do segundo semestre de 2004 - talvez do primeiro).
Vivemos num momento na história da humanidade em que o desenvolvimento tecnológico atingiu tamanha proeminência que é inegável sua interferência em nosso cotidiano. Este desenvolvimento diminuiu a distância física entre pontos geograficamente distantes, possibilitando uma comunicação quase que imediata entre pessoas que, em outros tempos, demorariam muito tempo para estabelecer um contato. Ele também nos facilitou o acesso às informações e transformou a cobertura jornalística quase que num trabalho de divulgação ao vivo. E nessa mesma velocidade empreendida por esta nova era tecnológica, as mudanças dentro da sociedade vêm ocorrendo, num processo de destruição e renovação de dogmas e paradigmas que assusta até mesmos aqueles que se consideram mais preparados para enfrentá-los.
Desta forma, a questão pedagógica tem sido posta de modo a pensar em como formar os profissionais a serem absorvidos por um mercado de trabalho que muda de direção e preferência, de especializações e qualificações, de modos e tendências, enfim, que é uma incógnita mutante e constante – pensando-se num futuro seja qual for, próximo ou distante. Além disso, como preparar o ser humano para uma sociedade que age da mesma forma do mercado, transformando suas relações tão rápido quanto jamais fora visto em milênios de história humana.
Mostra-se, assim, a importância da percepção filosófica dentro das práticas pedagógicas dos profissionais que pensam a escola como um todo no conjunto da sociedade, contextualizando o processo de ensino-aprendizagem com as questões da atualidade e as possibilidades de futuro, de forma que este profissional possa ter e transmitir toda a criticidade necessária para que não levemos a humanidade à um caminho mítico de que a tecnologia e o dinheiro é o senhor que rege nossas leis e nossas vidas.
A prática filosófica tem como uma de suas características a coragem de olhar para si mesma e para seus objetos de estudos de forma crítica (e autocrítica) reiventando-se a cada inovação dentro de seu pensamento e admitindo sua contextualização com a atualidade de seu tempo. Esta dinâmica, ensina-nos a histórica filosófica, lhe deu concretude e credibilidade, ensinou seus seguidores a perceberem os pormenores de seu mundo, a origem de questionamentos e a direção das ações tomadas pelos governantes, dentro de uma visão bastante global e generalizada. Esta é uma das principais contribuições que a filosofia tem para dar à pedagogia e, conseqüentemente, à toda a sociedade, pois ensina que o pensamento deve estar orientado não para a aceitação apática das regras e conceitos que nos foram dados, nem tampouco a prática deve estagnar-se de acordo com os exemplos externos ou antigos. Ao contrário, a filosofia cria subsídios para diferentes explicações e visões de mundo e, através da análise crítica que ela prevê, podemos orientar nosso pensamento e nossa prática cotidiana de modo a estar em constante questionamento pessoal (pensando nossa visão de mundo particular, nossa prática comum, etc.) e global (pensando a visão da sociedade, o que ela demanda, impõe, solicita, esconde, etc.). Refletir, por mais que pareça uma perda de tempo mediante o imediatismo da vida contemporânea, é parte essencial daqueles que pensam a pedagogia e com ela trabalham diariamente, pois caracteriza-se como o momento em que pode-se haver a gênese da percepção do mundo e da possibilidade de quebra com práticas desconexas, desorientadas e/ou descontextualizada, caminho aberto então para uma transformação que possa melhor orientar tanto o profissional reflexivo como aqueles ao seu redor, dando margem à uma preparação sólida, que transcende o mero aspecto tecnicista e privilegia, também, as questões reflexivas (portanto filosóficas) que resultam numa formação humanística.
C NÃO TRABALHA MAIS AQUI
Há 8 anos
Um comentário:
o que eu estava procurando, obrigado
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